No segundo capítulo do “Yoga Sutra de Patanjali”, os oito Angas — partes — do Yoga são descritos. Quer saber mais sobre eles? Continue lendo:
O primeiro Anga — parte —, os YAMAS são os descritos como códigos de conduta ética que um yogi e yogini precisam e devem seguir.
No segundo Anga, os NYAMAS fazem parte da disciplina individual. O terceiro são os ÀSANAS — postura ou posição —, o quarto PRANAYAMAS, que são as técnicas respiratórias, e o quinto PRATIAHARA, a introspecção dos sentidos. Já no sexto DHARANA, encontramos a concentração, no sétimo DHYANA, a meditação, e no oitavo e último Anga SAMADHI, a iluminação.
Os YAMAS, que são a conduta ética do (a) praticante de Yoga, transcendem o credo, o país, a cultura, a idade ou época que o ser humano está inserido, sendo regras de moralidade e comportamento atemporais. No Ocidente, em certos pontos podemos comparar com os Dez Mandamentos do cristianismo.
Sem estas regras o mundo viraria um caos.
Veja agora quais são os cinco YAMAS:
AHIMSA – Não-Violência
A violência nasce da fraqueza, da ignorância e do medo.
Precisamos desenvolver a consciência de não ferir um outro ser, ter respeito e valorizar outra vida. A não-violência nos ensina o valor da presença da paz, do amor e da compaixão. Vai além de regras alimentares, pois a violência é uma questão do espírito e não de dieta. Gandhi libertou a Índia com o primeiro Yama, a não-violência.
E há uma história indiana da religião jainista que ensina que o sábio Mahavira era tão pacífico que quando ele passava até os espinhos se dobravam para não feri-lo.
SATYA – A Verdade.
A verdade em pensamento, palavras e ações, sendo a mentira e a calúnia repugnantes.
Quando a pessoa fala a verdade será ouvida com respeito e atenção. Gandhi diz: – “a verdade é Deus e Deus é a verdade”.Quando estamos alicerçados na verdade com o coração puro estamos mais pertos de Deus.
ASTEYA – Não-Roubar
Não ter o desejo de se apropriar do que pertence ao outro, sejam suas posses materiais ou suas ideias. O ato de cobiçar e invejar o que é do outro gera o impulso de roubar para satisfazer necessidades mesquinhas. A libertação dos desejos afasta de nós grandes tentações trazendo paz e tranquilidade.
BRAHMACHARYA
Literalmente significa celibato, estudo religioso e comedimento pessoal. Mas isto não significa que só celibatários podem praticar Yoga. Através do amor humano, chefiando uma família e tendo a responsabilidade pelos entes queridos ou tendo relacionamentos afetivos de cuidado, amor e atenção se conhece o amor divino.
APARIGRAHA – Desapego
É outra faceta do ASTEYA (Não-Roubar). Assim como não precisa roubar coisas e ideias que não te pertencem, não precisa acumular coisas que não precisa. Nem se deve ficar com alguma coisa sem trabalhar por ela. O desapego é importante pois devemos deixar ir de nossas vidas coisas, objetos que possam ser usados por outros. Por isso, a doação é tão importante. O que não serve para nós , serve pra alguém que precisa. Devemos deixar ir também pessoas que não queiram ficar mais em nossa companhia. Devemos confiar na providência Divina para suprir as nossas necessidades.
A prática de yoga é muito além das posturas. Devemos ser éticos seguindo os preceitos dos Yamas.
O segundo Anga — parte — NYAMA, segundo Patanjali, refere-se a disciplina individual. Veja abaixo quais são e suas importâncias:
Os cinco NYAMAS:
SANTOSHA – Contentamento
É algo a ser cultivado. Uma mente descontente e negativa não consegue se concentrar em pensamentos bons e positivos. Um ser humano contente é seguro e tranquilo, pois tem confiança inabalável em Deus.
TAPAS – Austeridade
O esforço ardente na prática de yoga é importante para conscientemente o yogi e a yogini alcançar seu objetivo de união final com Deus. Um objetivo nobre torna a vida iluminada e alegre. Tapas contempla a disciplina do corpo com cuidados para deixá-lo saudável, a disciplina da fala em não falar palavras ofensivas e a disciplina da mente para obter a paz e o equilíbrio .
SVADHYAYA – Auto-Estudo
A educação é o que há de melhor para a formação de um ser humano. Svadhyaya é a educação do “eu”. Tão importante quanto o estudo acadêmico é o estudo de quem somos e como conduzir nossa vida também é. A pessoa que toma essa consciência do seu ser descobre que toda a criação divina está no universo e que toda a divindade também está dentro dela , pois a energia que a move é a mesma energia que move o universo.
O estudo dos livros sagrados tira o ser humano da ignorância, pois através de parábolas e exemplos se extrai ensinamentos que lançam luz sobre os seus problemas. A ignorância não tem começo, mas pode ter um fim. O conhecimento tem um começo, mas não tem fim.
ISHVARA PRANIDHANA – Fé em Deus
É a dedicação de nossas ações e vontade ao Senhor. Quem tem fé não se desespera, pois sabe que toda a criação pertence a Deus. A confiança em Deus é como o Sol que dissipa a noite no alvorecer de um novo dia. A Lua está cheia quando está de frente para o Sol. Assim nossa alma está repleta quando experimenta a plenitude da fé e confiança em Deus.
Os dois primeiros Angas do Yoga Sutra de Patanjali nos traz reflexões para sermos seres humanos melhores, éticos e disciplinados. Não só conosco, mas para com todos à nossa volta. Respeitando e tendo compaixão com as mais diversas formas de vida do nosso Planeta. Yoga literalmente quer dizer União do nosso ser individual com o Divino.
Que fique claro que, independente de uma religião específica, nos textos do Yoga acredita-se em uma energia criadora e superior que move o Universo, que em muitas culturas tem o nome de Deus.
Em um mundo carente de valores onde infelizmente ainda existe a guerra, a fome, a pandemia e a exploração de outros seres humanos vide o genocídio dos povos originários, é imprescindível lermos com atenção e da leitura a ação de colocar em prática em nossas vidas os YAMAS e NYAMAS.