Várias alunas gestantes praticaram Yoga.
Cada uma com sua personalidade, cada uma com sua história.
A primeira foi Roberta, que praticou com seu noivo, casou e, com a descoberta da gravidez, continuou praticando até as vésperas do parto, que foi em maio de 2006. Gustavo nasceu bonito, forte e todas as vezes que vejo suas fotos, ele sempre aparece com um lindo sorriso.
Depois foi a vez de Cristina. Também praticou noiva, casou com o Anderson e, após quase um ano de casamento, engravidou. Detalhe, só ficou sabendo que estava grávida aos três meses de gestação, praticando Yoga. Como felizmente Deus protege os inocentes, Letícia nasceu saudável. Vem sempre à escola de Yoga com os pais, pratica quando quer e é tão talentosa que canta, dança, toca e não cobra ingresso dos coleguinhas do jardim da infância!
Com Flávia foi diferente. Tinha o sonho de engravidar. Achava que estava pronta, e estava! Um mês depois que começou a praticar, engravidou. Gravidez tranquila, calma, assim como sua filha Maria Clara, leonina convicta.
Marina já chegou grávida. Sua mãe havia praticado na gravidez dela com o Prof. Shimada, que nos deixou há dois anos. Muito aplicada, Marina não faltava às aulas, fazia perguntas para tirar suas dúvidas e Pedro nasceu saudável e uma cópia do pai! Cara de moleque, daqueles bem levados que aprendem tudo muito rápido.
No ano de 2010 a escola estava fértil. Vivian grávida do seu segundo filho, esperava um parto melhor de seu filho Arthur. E teve. Em março, para alegria de sua irmãzinha Catarina.
Em abril, nasceu mais um Pedro, em julho a Luiza, mas uma coincidência nos partos me deixava intrigada. Todos de cesariana.
Em agosto de 2010, porém, aconteceu a surpresa.
Com todas as mamães eu havia ensinado as técnicas de pranayamas para um parto normal.
Elas usaram e, mesmo nas cesarianas, as técnicas mostraram-se de grande utilidade.
Cris praticava desde 2008 com sua filha Bia. E no final de 2009 engravidou. Como ela já tinha dois filhos de parto normal, acreditávamos que seu parto seria mais fácil.
E é aí que começa nossa história.
O que a Cris mais queria era um parto humanizado. Portanto, ela queria que a Manu nascesse no Hospital Santa Marcelina na Zona Leste. Fiquei de acompanhá-la no parto para orientá-la quanto às respirações.
No dia 19 de agosto ela me ligou à noite dizendo que a médica havia previsto o parto para a próxima semana e era para eu ficar tranquila, pois ainda tínhamos tempo.
Para acompanhá-la eu teria de cancelar minhas aulas na escola, por isso já havia deixado os alunos avisados da possibilidade de não haver aula no dia em que acontecesse o parto.
No dia 20 eu tinha um compromisso e uma aula às 11h da manhã, mas a Bia me ligou dizendo que sua mãe havia entrado em trabalho de parto. Dispensei minha aluna, e arrumei minha bolsa para ir para o hospital.
Chegando na casa da Cris, seu marido, Waldemir, estava arrumando o carro com as crianças e a Cris estava na sala fazendo as respirações. Entramos no carro e as contrações estavam cada vez mais frequentes. Ele teve a idéia de levá-la para o 2º Grupamento do Corpo de Bombeiros, pois em plena sexta-feira a Marginal estava congestionada e havia que correr contra o tempo.
Descemos do carro e fomos para a sala do Grupamento. Foi o tempo de a Cris deitar no sofá, eu segurando a mão dela o tempo todo e ela me disse – “Fá, estão vindo as forças do parto!”. Nisso os bombeiros da Equipe Verde foram entrando na sala e, com uma incrível rapidez, foram tornando aquela sala uma sala de parto e foram colocando luvas e aventais, totalmente concentrados no nascimento da criança.
Na segunda contração a Manu coroou, na terceira ela nasceu! Nossa, que alegria! Nasceu forte, saudável, chorando muito pouco e de olhinhos abertos, observando tudo!
Quando tirei meus olhos da Cris e olhei ao meu redor, fui inundada por toda a beleza do momento, vendo a mãe, a criança em seu colo, os homens que fizeram aquele parto tão especial, sérios, profissionais, atentos a todos os cuidados e providências necessárias, e não conseguindo conter a alegria e a felicidade de uma surpresa tão bem-vinda que haviam tido. Era como se a sala se enchesse de luz, tudo agora em um ritmo mais lento e suave. Como foi bonito ver os sorrisos, o cuidado, o alívio das crianças porque a mãe e a irmãzinha estavam bem.
Fomos para o hospital na viatura dos bombeiros e à noite eu já estava em minha sala de aula contando a novidade para os alunos.
Por coincidência a Equipe e minha escola têm o adjetivo “Verde”. Verde como a natureza, verde como a vida que sempre se renova.
Este ano mais uma mamãe está fazendo aula, mais um bebê vai nascer e a vida sempre iluminando.